"Life is not about waiting for the storm to pass. It's about learning to dance in the rain"

Vivian Green


domingo, 14 de março de 2010

Mais um fim-de-semana

Os dias continuam a passar.
A dor permanece e a saudade aumenta.

Tento dar-me mais ao meu G.. A consciência pesa-me. Sei que lhe tenho dado menos.
Noto-o diferente. Percebe que não estou tão disponível; brinca mais sozinho. Procura-me mais para lhe dar um miminho.
Por vezes parece-me mais tristonho. É um sentimento que não lhe conhecia. Sempre foi um menino alegre, feliz, sorridente e de bem com a vida. Custa-me que se aperceba que estou diferente e que a vida tem estes revezes...
Quando lhe disse, no dia 24 de Janeiro, que a maninha tinha ido para o céu porque tinha um dói-dói no coração ficou tristinho.
Perguntou-me se eu já não tinha barriga. Perguntou-me se quando a maninha tivesse 4 anos, como ele, o coração também ia doer, e se quando "fosse grande" também ia doer.
Perguntou-me porquê que tinhamos comprado uma sementinha com um dói-dói no coração.
Disse-me que estava triste, que sentia saudades da maninha e perguntou-me como é que iamos saber qual era a estrelinha da maninha...
Respondi a tudo sem chorar. As dúvidas inocentes dos seus 4 anos. A tristeza nos seus olhinhos. Uma informação com um peso que aos 4 anos ainda não se pode, nem se sabe avaliar. E ainda bem que assim é.
Reparou claramente que a minha postura mudou.Que passava mais tempo no quarto, que nem sempre me deslocava à mesa para jantar. Deu-me um bonequinho seu "para me animar"; trazia-me iogurtes que "roubava ao frigorífico" e que me entregava acompanhados de um beijinho, "para comeres quando tiveres fome, mamã", dizia-me.
Amo-te meu filho. Como o teu sorriso me conforta a alma e me enche o coração...

Ontem fomos à praia de manhã com ele. A primeira vez que aceitei um convite para um "programinha": fomos com a mãe do Jõao Maria e da Madalena aqui do bairro brincar à praia. Conhecem-se desde que tinham meses. Adoram brincar juntos. Gostaram. Muito.
Vi-o de mão dada com a Madalena, mais pequena do que ele, numa postura protectora. Subiu para cima de uma rocha e disse-me: "mamã, estou aqui a tomar conta da Madalena para ela não subir; ela é pequenina e pode-se magoar"... como gostaria de o ver assim com a sua maninha.

Hoje fui uma vez mais à missa. Não peço por mim. Acho que nunca mais pedirei por mim. Peço à Virgem Maria que acolha nos Seus braços a minha doce C.. Que a proteja e lhe dê guarida. Que a embale e receba no Seu coração de Mãe. A Mãe que eu não fui.
Ficou a vela acesa. Vim-me embora. Sozinha.

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