"Life is not about waiting for the storm to pass. It's about learning to dance in the rain"

Vivian Green


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Trabalho

Regressei ao trabalho a 24 de Maio.
Resguardei-me do confronto com as colegas grávidas (quatro no total). Voltei quando terminaram os meus 4 meses de licença. Voltei quando saiu a ultima colega grávida.
Hoje sondaram-me pois essa colega referiu a alguém que gostaria de ir ao trabalho com a bebé, mas que receava fazê-lo por minha causa.
Se me custa? Claro que sim. Imenso (não o disse, claro...). Mas não mais do que todas as vezes que tive de me confrontar com candidatos que me perguntaram pela minha filha. Às vezes até em contextos menos adequados, como no meio de uma sessão de esclarecimento em grupo...
Se desejava gritar a plenos pulmões que me custa horrores esse confronto? Claro... Mas não o fiz...
Sei que a minha zona de conforto termina quando interfere com o bem-estar e livre arbítrio dos outros. Sei também que por mais que deseja adiar esse confronto ele acontecerá um dia.
Sim, é mais uma constatação de que a minha filha não está cá e que nunca estará.
Que venha a colega e a sua bebé... nada poderá mudar aquilo que eu mais desejava...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Continuamos

A nossa família continua. Sinto actualmente a vida como um caminho indefinido.

O meu filho está lindo. Está numa fase óptima. Muito bem comportado (para o que seria o padrão do nosso G., entenda-se). Feliz. Mais autónomo. Mais crescido. Cada vez mais menino e menos bebé.
Amanhã vai vestido com o equipamento da selecção (made in Continente, claro) para a escola, embora esteja dividido porque também simpatiza com o Brasil ("é que lá está sempre sol, mamã") - andamos os dois a tentar convencer o pai a levar-nos de férias ao Brasil quando tudo estiver mais calmo.
Continua e será sempre a minha razão de viver. O que me preenche e dá sentido à minha existência.
O seu sorriso, a sua criatividade, o seu abraço ternurento e o seu beijo meigo enchem-me o coração

O M. anda com um pé em Coimbra e outro cá em Lisboa: a situação de saúde do seu pai assim o exige e honestamente prefiro que ele passe o máximo de tempo possível com o pai e que lhe dê tudo o que puder neste momento. Compreendo a necessidade que ele tem de estar junto do pai. Mas está cansado. Não o diz, nunca o faria, mas noto-o claramente. Desdobra-se para dar atenção a todos e responder a tudo : a nós, ao pai, à mãe, à irmã, ao trabalho...
Sempre o M. de sempre: com um sorriso nos lábios, uma piada sempre na ponta da língua e uma postura de quem tenta demonstrar que está tudo bem...
Continua a ser o meu porto de abrigo. Quem me abraça, limpa as minhas lágrimas e percebe a minha dor. Porque partilha dela. Porque a viveu comigo.
Quem me indica o Norte e me dá a mão para caminhar na direcção certa.
Um pai maravilhoso. O melhor marido que poderia ter desejado.
Um companheiro para a vida.

A minha doce C.... Continua a fazer-me uma falta imensa. Fará sempre.
Sinto tanto, mas tanto a falta do que não tive: do choro dela, do toque dela, do cheiro dela, do corpo dela, do olhar, do sorriso, da Vida dela...
Tudo na minha vida é feito a pensar nela. Em tudo ela tem a sua existência.
Sim, estou mais em paz comigo mesma. Mas a saudade pelo que não tive, a saudade do que não lhe dei, a saudade do que poderia ter sido inunda-me a todo o momento.
Amo-te minha filha, mesmo com a vida entre nós. Como eu queria sentir-te.

O desejo de um terceiro filho dá-me força para seguir em frente e acreditar que a felicidade de ter um filho comigo pode desdobrar-se... É ainda um sonho. Um projecto acalentado e desejado.
Quando o conselho médico o permitir. Quando o meu organismo o permitir.
Mas um desejo.