"Life is not about waiting for the storm to pass. It's about learning to dance in the rain"

Vivian Green


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Decisões...

E porque...

... Preciso de voltar a sentir a alegria de carregar dentro de mim um 3º filho.
... Este é um passo que preciso viver para conseguir voltar a atribuir sentido a muitas coisas;
... Definitivamente começo a pensar (e custa-me muito que isto aconteça) que ando a marcar passo...

...Decidi marcar uma consulta numa clínica especializada em Infertilidade.
É amanhã!
É só uma primeira consulta, eu sei... mas espero encontrar pistas para o que nos está a acontecer.


E o turbilhão de sentimentos ligados a esta decisão inunda-me como de costume...
Conseguirás entender esta minha necessidade, C.? Amo-te. Sempre.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Faz um ano que partiste...

Rezo por ti, minha filha.
Peço à Mãe do Céu que te ampare e te resguarde no seu colo. Peço-lhe que te dê todo o amor, carinho e protecção que eu não te dei...
Como eu desejava que tivesse sido diferente...
O que eu não dava para saber que estás bem.
Amo-te.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Há um ano atrás...

A noite foi longa... muito longa.
Pormenores difíceis.
Pensamentos nunca partilhados.
Sofrimentos íntimos.
Momentos tão privados que só foram partilhados com quem os assistiu por circunstancialmente estar presente naquele momento.
Um choro silenciado.
A dor na alma, que quase fazia a do corpo parecer um pormenor pequenino...
Os gemidos das pessoas nas camas ao lado.
O olhar de pena das enfermeiras.
O sentir que estava perto de ficar sem a minha C. definitivamente.
As mães dos outros quartos que aguardavam ter os seus filhos (VIVOS!) e que iam descendo durante toda a noite para o bloco de partos.
Os sussurros nos corredores.
Mãos estranhas que procuravam acalmar o meu sofrimento.
Foi uma noite muito longa...
O medo de ficar sem a minha filha para sempre. A certeza de que em breve a veria e que ela não me veria a mim... A certeza de que não ouviria o seu choro...
Uma angústia tão grande...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011


Não
Não
e Não
Mil vezes Não.
Como é que tudo isto foi possível?
Continuo a não aceitar.
O que eu não daria para que o dia de hoje, vivido há um ano atrás, nunca tivesse existido.
A ultima vez que te senti. A ultima vez que verdadeiramente te tive.
Acreditas e imaginas o quanto te amo?
Anseio tanto o dia em que te reencontrarei...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Voar - Tim & Rui Veloso

E passam-se dias, semanas, meses... e passa-se quase um ano.
Há quase um ano atrás a nossa C. nasceu num sono profundo e transformou-se num anjinho a brincar na sua estrelinha lá em cima, no céu.
Connosco ficaram apenas os sonhos não realizados, os projectos suspensos e todo o amor que reservámos para a nossa menina.

Um ano depois o que resta...
O mesmo sentimento de impotência.
Desespero.
Culpa.
Saudade.

O tempo não ameniza a dor.
Quem perde um filho não vê a sua dor diminuída. Nunca.
Aqui o tempo não resolve a dor que se sente.
É profunda demais. É forte de mais.
É um "não querer" sem fim.
Com o tempo se calhar aprendemos a conviver de um modo mais funcional com este turbilhão de emoções.
Mas as emoções continuam lá, latentes. E se em alguns momentos conseguimos guarda-los por breves e escassos instantes em caixas (sobretudo para que os outros não percebem como continuamos a sofrer), quase imediatamente começamos a tropeçar nessas caixas...

Continuo a não aceitar.
Continuo a ama-la. Tanto.

Há dias dei por mim a pensar se, caso me fosse dada hipótese de escolha (e dado o desfecho que teve a minha gravidez), eu escolheria eliminar esta vivência da minha vida. A resposta surgiu-me sem pensar. Numa clareza que me surpreendeu: nunca.
Por mais que a perda da C. me tenha feito sofrer e tenha condicionado todo o curso da minha vida, ela é parte de mim. Como escolheria eu um dia não tê-la tido dentro de mim?
Como negaria eu este Amor mesmo sabendo o curso que tomaria?
Nunca.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Faz amanhã um ano que o nosso pequeno mundo começou a desabar.
Faz um ano que ficámos a saber do grave problema cardíaco da nossa filha tão desejada.
Era uma segunda-feira... No Sábado o meu pai tinha estado a montar o berço com a ajuda do meu orgulhoso G.! E como ele ficou feliz por ter ajudado o avô a montar o bercinho da maninha bebé...
Eu entretive-me todo o fim-de-semana a dobrar e a adorar aquela nuvem de vestidos cor-de-rosa.
Quem imaginaria que há um ano atrás este seria o ultimo dia da minha vida vivido na sua plenitude?...
A saudade da minha filha e do que com ela não vivi inunda-me. A recordação dos medos, dos sentimentos controversos, do pavor, do desespero... assaltam-me.

Será que não foi já suficientemente duro?
Será que temos de passar por mais esta prova?
O não conseguir engravidar deixa-me sem Norte. Foi o sonho cuidado e acalentado de ter um terceiro filho que me ajudou nos últimos meses. A minha incapacidade em consegui-lo arrasta-me para o turbilhão de sentimentos desesperantes que tão bem conheço...

O médico que me acompanha vive esta realidade numa perspectiva totalmente diferente da minha... 7 ciclos de ovulação induzida (e confirmada), coitos programados, negativos atrás de negativos, esperanças defraudadas... E após tudo isto diz-me: "agora vamos fazer uma pausa".
Como?
Uma pausa? Uma pausa de quê?
E não procuramos fazer exames complementares de diagnóstico?
E não são precisas no mínimo umas simples análises hormonais?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Para não me esquecer que os imprevistos também podem ser bons...

Por vezes encontramos palavras quentes, aconchegantes e com um significado especial de quem nunca esperámos.
Por vezes as pessoas surpreendem-nos pela capacidade de partilha, de empatia, de solidariedade que revelam e que não pensávamos existir.
Por vezes ouvimos "mesmo aquilo que precisávamos de ouvir" e o que faz todo o sentido naquele momento de alguém que não esperávamos.
Por vezes estabelecem-se pontes entre margens que julgávamos que nunca se iriam ligar.
A humildade do outro e a capacidade de mudar uma postura que era tão díspar desta surpreendem-nos.
Hoje foi um desses dias.
Deus reserva-nos sempre surpresas (e como estas nos confortam a alma).
(MS)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Da semana entre o Natal e o Ano Novo

Não, não vou falar aqui da tristeza que senti nos pólos dessa semana (Natal e Ano Novo)... das saudades e da falta que me fez a minha C.... dos sonhos deixados pelo caminho, dos momentos não partilhados... do que poderia ter sido...

Quero apenas deixar registado que estive de férias essa semana. O M. esteve a trabalhar e o G. não tinha escola... pelo que ficou o tempo todo comigo.
Correu bem, muito bem...
Brincámos, fizemos programas juntos (cinema, Kidzânia, recinto infantil do Aqua Roma...)... tudo de uma forma muito descontraída. Quase como antes...
Fiquei muito feliz por ter conseguido voltar a ser verdadeiramente a "Mãe do G." e por conseguir ter momentos de verdadeiro prazer e entrega ao meu filho.
Não que em algum momento tenha deixado de sentir prazer em estar com o G.... mas de forma alguma conseguia ter a mesma entrega, disponibilidade emocional e dedicação...
O pensamento fugia-me; o sorriso esmorecia; a espontaneidade desaparecia...
E sempre tive noção, com muita clareza, que se a minha C. não recebeu todo o amor e dedicação que tínhamos e temos por ela, também o meu G. viu atingida a dada altura a entrega total que eu lhe tinha...
Não por o meu amor por ele ter ficado afectado. Este é o Amor que me alimenta, dá vida e atribui sentido à minha existência... Mas porque emocionalmente não estava capaz de o fazer...
Como isso me martirizava...
Fico aliviada. Fico contente por ter conseguido voltar a esta entrega.

E porque por vezes consigo voltar a sorrir com coisas tolas...

Volto a sorrir de mim e das coisas que por vezes me vejo fazer...
Não é que hoje, no trabalho, precisei de contactar uma escola para pedir uma informação acerca de um candidato. Falei com uma senhora muito simpática e ainda me lembrei de referir que já havia contactado para lá ontem, que tinha falado com um senhor e que este havia ficado de me dizer algo ainda ontem...
Dou todos os dados acerca do candidato (nome soletrado letra por letra, não fosse ele polaco) e... a meio... apercebo-me que estou a ligar para a escola errada... Ups... sem comentários... Gafe Gigante...
E agora??
OK... fiquei sem reacção...
A Senhora lá foi averiguar a situação e, voltando ao telefone, diz-me: "Pois, olhe que esse candidato não consta dos nossos registos. E falei com o único colega homem que trabalha aqui na secretaria da escola e ele diz que não se recorda de ter falado consigo..."
E agora...?...
Tivesse eu um buraquinho para me enfiar...

(Digo sorrir... sim... porque percebi que mais cedo ou mais tarde recomeçamos a sorrir... ainda que o rir, verdadeiramente rir, nos pareça algo muito, muito longe)