E passam-se dias, semanas, meses... e passa-se quase um ano.
Há quase um ano atrás a nossa C. nasceu num sono profundo e transformou-se num anjinho a brincar na sua estrelinha lá em cima, no céu.
Connosco ficaram apenas os sonhos não realizados, os projectos suspensos e todo o amor que reservámos para a nossa menina.
Um ano depois o que resta...
O mesmo sentimento de impotência.
Desespero.
Culpa.
Saudade.
O tempo não ameniza a dor.
Quem perde um filho não vê a sua dor diminuída. Nunca.
Aqui o tempo não resolve a dor que se sente.
É profunda demais. É forte de mais.
É um "não querer" sem fim.
Com o tempo se calhar aprendemos a conviver de um modo mais funcional com este turbilhão de emoções.
Mas as emoções continuam lá, latentes. E se em alguns momentos conseguimos guarda-los por breves e escassos instantes em caixas (sobretudo para que os outros não percebem como continuamos a sofrer), quase imediatamente começamos a tropeçar nessas caixas...
Continuo a não aceitar.
Continuo a ama-la. Tanto.
Há dias dei por mim a pensar se, caso me fosse dada hipótese de escolha (e dado o desfecho que teve a minha gravidez), eu escolheria eliminar esta vivência da minha vida. A resposta surgiu-me sem pensar. Numa clareza que me surpreendeu: nunca.
Por mais que a perda da C. me tenha feito sofrer e tenha condicionado todo o curso da minha vida, ela é parte de mim. Como escolheria eu um dia não tê-la tido dentro de mim?
Como negaria eu este Amor mesmo sabendo o curso que tomaria?
Nunca.
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