"Life is not about waiting for the storm to pass. It's about learning to dance in the rain"

Vivian Green


quarta-feira, 24 de março de 2010

Avanços ou recuos?

Já passaram 2 meses desde que nasceu a minha C.. Foi no dia 22.
Fui à missa uma vez mais.
Ir à missa faz-me sentir bem. Acho que já aqui escrevi que não peço por mim... peço pela minha filha. Peço que esteja bem, e que Nossa Senhora a acolha no seu regaço.
Que a proteja e lhe dê o amor de mãe que eu não dei...
Deixo sempre uma vela acesa.
A saudade inunda-me sempre... os outros sentimentos também...

Queria tanto o impossível. Queria tanto a minha filha aqui, comigo. Hoje tive uma vez mais consulta de Psicologia na Maternidade. Falávamos a respeito desta saudade. Do desespero que eu sinto por não saber onde ela está. Dos receios que sinto também pelo facto de não ter podido baptizar a minha bebé.
A Psicóloga comentou a esse respeito que ela existia dentro de mim... perguntou-me se eu não sentia isso... Não. Não consigo sentir isso. Talvez venha a senti-lo um dia. Mas actualmente não sinto isso de todo. Dentro de mim sinto todas as minhas emoções: a saudade, o desespero, o não querer, a culpa. O Amor que lhe tenho. Mas não a consigo sentir dentro de mim... Se ela estivesse dentro de mim não havia o que recear...

Soube este fim-de-semana que a R. (que conheço pessoalmente), que perdeu uma menina em Novembro passado aos 7 meses de gestação se encontra novamente grávida. Fico muito feliz por ela. Infeliz por não poder partilhar da alegria dela.
Ontem tive consulta com o Dr. A.. Foi ele quem me acompanhou na maternidade. Foi a ele que escolhi para me acompanhar de agora em diante.
Seguro, pragmático, conhecedor, competente, cauteloso. O reconhecimento que existe na praça acerca das suas competências enquanto médico é justíssimo. Falámos abertamente acerca de tudo o que se passou. Examinou-me ao pormenor. Falei-lhe do meu desejo de ter um terceiro filho (perdoa-me, C.). Só aconselha a partir de Julho.
Fico triste. Parece-me uma eternidade. Sei que não o é. Mas é o que sinto.
Tenho o colo meio vazio e uma imensidão de amor que ficou suspenso no nada. Sim, este amor é da minha C., mas preciso materializar estes sentimentos. Preciso pegar um filho recem-nascido nos meus braços e senti-lo com vida. Sentir que é meu para sempre. Que o posso proteger. Que me reconhece. Que se aninha no meu colo, que reage.

Hoje acordei triste. Ontem estava tão ansiosa com a consulta e desejava tanto ouvir que posso ter outro filho que pensei de menos na minha C.. Foi o primeiro dia desde 11 de Janeiro que não chorei por ela. Perdoa-me. Amo-te filha.
Para sempre.

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