"Life is not about waiting for the storm to pass. It's about learning to dance in the rain"

Vivian Green


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desabafos

Desabafo... que continua a ser muito difícil lidar com a perda da minha C....
Que quando as colegas do trabalho sorriem e saem mais cedo pela licença de amamentação o meu coração fica apertado.
Que quando as colegas falam da pena que têm por terem o leite a secar sinto um baque seco dentro de mim.
Que não mais voltei a ser a mesma mãe para o meu filho.
Que não mais voltei a ser a mesma mulher.
Que a maior parte dos dias me apetece simplesmente fechar-me no meu quarto longe de tudo e de todos e dormir meses a fio. Simplesmente não sentir. Simplesmente não existir.

Desabafo... que depois de todos estes meses saber que finalmente posso engravidar e não o conseguir me deixa de rastos. Completamente sem forças. Que o fôlego que tinha conseguido readquirir desde a perda da minha C. se esvai neste sentimento de falhanço e de incapacidade que gritam dentro de mim.

Desabafo que o trabalho é um escape. Que o arranjar tarefas e mil e uma coisas para fazer são uma desculpa enorme e descarada para não ter de enfrentar tudo e todos.

Sim, de facto durante meses não podia nem física nem emocionalmente suportar outra gravidez. Mas o saber que finalmente o poderia fazer e que não consigo engravidar deixa-me de rastos. Preciso deste passo para seguir em frente.

1 comentário:

  1. Ainda é difícil ter palavras para descrever o horror da perda do meu amado filho, filho que demorou quase 4 anos a ser gerado e só conseguido ao fim de 3 fecundações em vitro...Filho que viverá para sempre no meu coração, mas que nunca poderei abraçar...o meu primogénito foi logo para o Céu, tento pensar que ele era tão especial, tão puro, que o senhor teve que o levar logo para a sua beira, alivia-me a alma pensar assim...

    Espero ter muitas forças para daqui a um ano poder voltar a luta...mais médicos, mais tt...nem sei como conseguirei viver uma próxima gravidez...mas Deus há de ajudar...
    Queria deixar-te uma palavra de conforto...mas não tenho, só sei que dói muito, e não há maneira de passar...

    Se me deixares, gostaria de continuara acompanhar o teu blog...

    Obrigada pelas tuas palavras, e desculpa as minhas, que ainda são meio incoerentes...

    Célia

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